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Um Anónimo em Lisboa

Um Anónimo em Lisboa

Chega de futebol...

E porque chega de futebol, começou na sexta-feira a 88ª Feira do Livro de Lisboa.

 

Esse pequeno espaço de prazer, quando os livros saiem à rua. Quando parece que a cidade inteira lê, quando famílias inteiras passeiam por entre os quiosques. Quando o Parque Eduardo VII tem vida dia e noite. Vida saudável, bem entendido...

 

Porque ler é viver, é sonhar, é entrar num mundo só nosso, é tão bom quando chega esta altura. Quando descobrimos os livros novos, ou aquele mais antigo que não existe nas livrarias. Quando verdadeiramente fruimos e usufruimos daquele espaço verde desta cidade. 

 

Confesso que vou à Feira do Livro desde que me lembro. Não sei se fui todos os anos em criança, mas seguramente à mais de vinte anos que não falho um ano. Confesso ainda que sou maníaco (é uma palavra forte, eu sei). Primeiro tenho que ir sozinho, dar apenas uma volta. Só para cheirar, para reconhecer. Depois sim, volto sozinho e/ou com a família, explorando todas as bancas com calma. Trocando dois dedos de palavras com quem trabalha nos stands, pedindo recomendações. Porque é tão diferente de ir a uma livraria.

 

E já consegui transmitir o "bichinho" ao filho mais velho. Com 7 anos, já adora ir à feira do Livro. É objeto de longa negociação quanto é que poderá gastar das suas poupanças. Espera ansiosamente esta temporada, perguntando de quando em vez "quando é que começa a feira do Livro".

 

Chega de futebol...

 

Feira do Livro - link

Terror(ismo) e outras questões não desportivas

Contexto: 15 de Maio. 17 horas. Academia de Alcochete. Um grupo de meliantes invade a Academia do Sporting Clube de Portugal, agride jogadores e equipa técnica. 23 deles são detidos. 

 

E neste contexto, além de muitas dúvidas sobre o ato, o que leva ao mesmo, surgem duas questões de âmbito legal

 

1) Será isto terrorismo?

A Lei de Combate ao Terrorismo define ato terrorista como aquele que “Vise prejudicar a integridade e a independência nacionais, impedir, alterar ou subverter o funcionamento das instituições do Estado previstas na Constituição, forçar a autoridade pública a praticar um ato, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique, ou ainda intimidar certas pessoas, grupos de pessoas ou a população em geral, mediante:

a) Crime contra a vida, a integridade física ou a liberdade das pessoas;

b) Crime contra a segurança dos transportes e das comunicações, incluindo as informáticas, telegráficas, telefónicas, de rádio ou de televisão;

c) Crime de produção dolosa de perigo comum, através de incêndio, explosão, libertação de substâncias radioativas ou de gases tóxicos ou asfixiantes, de inundação ou avalancha, desmoronamento de construção, contaminação de alimentos e águas destinadas a consumo humano ou difusão de doença, praga, planta ou animais nocivos;

d) Atos que destruam ou que impossibilitem o funcionamento ou desviem dos seus fins normais, definitiva ou temporariamente, total ou parcialmente, meios ou vias de comunicação, instalações de serviços públicos ou destinadas ao abastecimento e satisfação de necessidades vitais da população;

e) Investigação e desenvolvimento de armas biológicas ou químicas;

f) Crimes que impliquem o emprego de energia nuclear, armas de fogo, biológicas ou químicas, substâncias ou engenhos explosivos, meios incendiários de qualquer natureza, encomenda ou cartas armadilhadas; sempre que, pela sua natureza ou pelo contexto em que são cometidos, estes crimes sejam suscetíveis de afetar gravemente o Estado ou a população que se visa intimidar.

 

Portanto, sim. Legalmente, encaixa na definição de terrorismo, nomeadamente na intimidação as grupos de pessoas, mediante crime contra a integridade física. No entanto, temo que se esteja a banalizar a noção de terrorismo. No senso comum, isto não foi um ato de terrorismo. Foi uma agressão, foi crime violento. Um crime sim, mas terrorismo... Mas enfim...

 

2) Como é que o Expresso já tem os depoimentos dos jogadores?

Doi ler os depoimentos. Dá raiva imaginar o que se passou. Indignação.

Mas... já são públicos? O processo não está em intrução ainda? Como é possível já estarem publicados?

Infelizmente o voyerismo de todos nós alimenta esta imprensa. Os depoimentos, os interrogatórios, os processos. Tudo é publicado pelos orgãos de comunicação social. Como? Onde para o segredo de justiça? Onde para quem devia estancar esta hemorragia? Socrates, Pinho, Dias Loureiro, todos são julgados nos jornais. E quem deve defender o estado de direito nada faz. Onde está a Polícia Judiciária (ou outra) a investigar isto? Como descobriram as alegadas toupeiras do Benfica, mas não descobrem quem divulga vídeos dos interrogatórios, escutas telefónicas e depoimentos?

 

 

 

E depois do adeus...

Continuo como acabei ontem. Estas imagens deixam-me com um nó na garganta. 40 anos, quase 41 (eu, não o Iniesta) e choro a olhar para estas imagens. A tentar imaginar o que é um grande capitão a despedir-se da sua equipa. 22 anos de casa. Dizem os relatos que foi depois da 1 e meia da manhã que iniesta conseguiu abandonar aquela que foi a sua casa desde tenra idade.

 

Mais emocionado fico quando percebo que nunca no Sporting assisti a tal coisa. Tantos e tantos jogadores por aqui passaram, e nunca vi uma despedida emocionada, um gigante "Obrigado". Todos os que me lembro, tenham 5, 10 ou 15 anos de casa em Alvalade sairam pela porta pequena, normalmente assobiados pelo exigente tribunal de Alvalade, não perdoando a traição. 

 

Não me lembro de ser feito o que aconteceu no fim de semana passado em Barcelona e em Turim. A substituição da consagração. A oportunidade de todos se despedirem e do próprio agradecer. Não digo que não tenha acontecido. Apenas não me lembro. O que me lembro são jogos de homenagem decididos por tribunal. Decididamente o Sporting não sabe homenagear os seus...

 

Rui Patrício será mais um. 17 anos em Alvalade, produto da primeira fornada de Alcochete, sairá (se se confirmar) pela porta pequena, empurrado por um pequeno ditador que, na ânsia de se salvar, não hesita em crucificar aqueles que passaram a sua vida no Sporting.

 

Tenho muita pena de ver Rui Patrício sair assim...

 

 

A propósito de despedidas...

Dois monstros abandonaram ontem os seus clubes de toda a vida. Buffon e Iniesta, com 17 e 22 anos de casa sairam pela porta grande. Com despedidas à altura da sua carreira.

 

 Buffon despede-se dos seus adeptos

 

 Iniesta sozinho no seu relvado

 

Por cá, continuamos a brincar aos ódiozinhos e às culpabilizações alheias por falhanços próprios. E assim, muito provavelmente, a imagem de despedida de um grande Guarda Redes será esta...

 

 

Vencedores e vencidos

Vem isto a propósito das eleições autárquicas. Porque, como sempre, há vencedores e vencidos. E logo numa leitura mais rude, dois grandes vencedores e dois grandes derrotados.

Ganhou o PS de António Costa. 156 câmaras é obra. Roubar Almada e Beja à CDU é inacreditável.

Ganhou o CDS de Assunção Cristas. Aproveitando o momento (cada vez) mais negro do PSD, O CDS elegeu 6 presidentes de Câmara, elegeu 4 vereadores em Lisboa (tinha 1!) e ainda apoiou a candidatura vencedora do Rui Moreira.

Dois grandes derrotados. PSD e CDU. Pedro Passos Coelho e Jerónimo de Sousa. E sim, coloco ambos ao mesmo nível. Porque ambos (líderes e partidos) foram punidos pelo seu eleitorado. Seja por ações passadas ou presentes, o certo é que ambos tiveram um muito pior resultado que na eleição anterior.

E por último, o BE que, na minha opinião, não ganha nem perde. Sobe o número de eleitos, é certo, mas não recuperaram a sua Câmara (Salvaterra de Magos) e não impediram maiorias absolutas, que foram os objetivos fixados pela sua dirigente. Comparativamente, o Nós Cidadãos ganhou uma Câmara!

 

E chegamos aos indívíduos. E aqui as coisas mudam de figura. Fernando Medina ganhou as eleições em Lisboa. Mas, para mim, não é uma grande vitória. Porque perde mandatos, perde votos, e perde a maioria absoluta! Outro grande derrotado é André Ventura, a quem foi demonstrado que este tipo de discurso populista, demagogo, não entra em Portugal. Teresa Leal Coelho cumpriu a sua função, perdendo estrondosamente e tentado afastar as culpas do líder. Paulo Vistas, Narciso Miranda, candidaturas independentes que perderam. E outros faltarão...

 

Vencedores claramente Rui Moreira e Isaltino Morais. Ambos conseguiram a sua maioria absoluta.

 

Duas notas. 3 boletins de voto é demais. Está na altura de alterar o método de eleição e igualar às legislativas. Votar apenas para as assembleias e estas elegerem os seus líderes. Acabar com as listas para vereadores. Não faz sentido só poderem contar com membros das listas para formar o executivo. O segundo ponto é a existência do dia da reflexão. Não faz sentido nos dias de hoje.

 

Dilema das listas

Um mês depois do grande incêndio de Pedrogão Grande, estaria à espera de poder escrever sobre o que foi feito, quer para prevenir, quer para remediar o que aconteceu. Mas, surpresa, andamos a discutir listas e contagens.

Não se iludam, o que está a acontecer não é novo. Tinha uma vaga ideia, e fui procurar. Em 2008 discutia-se os critérios para contabilizar mortos na estrada. Pois, nessa altura, só contavam para as estatísticas quem morria na estrada ou a caminho do hospital. Depois, na Estratégia Nacional para a Segurança Rodoviária 2008-2015, passaram a ser contabilizadas as pessoas que morriam até 30 dias após um acidente de viação.

Pelos vistos, agora discute-se como se contabilizam os mortos nos incêndios. O critério, anunciado pela Ministra da Administração Interna, são vitimas com queimaduras ou inalação de fumos. Não concordo nem discordo. Não tenho conhecimentos para tal. Não sei se vitimas de atropelamento em fuga do incêndio devem contar ou se alguma pessoa teve um enfarte deve ser contabilizada ou não. São discussões técnicas, estatísticas apenas!

Morreram pessoas. Ponto. 64, 65, 67 ou 74 não faz qualquer diferença. São pessoas, com família e amigos. E o que importa é resolver os seus problemas. Dos que ficaram sem casa, sem bens, sem roupa. Dos que perderam os seus cultivos. E resolver as hipóteses de isto acontecer novamente.

Porque na política não pode valer tudo. Deixem as listas em paz. E concentrem-se no que realmente importa.

Live fast, die young...

Cresci com musica. Vivo com música. Ouço sempre que posso. Hoje, crescido, adulto, com um gosto mais domesticado, até pela convivência com colegas de trabalho. Cedências, que são feitas na idade adulta.

Mas as minhas origens estão no hard rock. Guitarra solo, ritmo, baixo e bateria. Todas audiveis e identificáveis. Solos poderosos. Barulho, muito barulho, queixavam-se os meus pais. De Alice Cooper a Queen, passando por AC/DC, Guns n' Roses, D:A:D:, tudo ouvia. Segui depois para Metallica, Iron Maiden, entre outros.

Algures no meio, conheci a cena musical de Seattle. O Grunge! Sem espetáculo, sem efeitos visuais, apenas a música pela música. Bruta, depressiva, genial. Representava o isolamento social aparente de qualquer adolescente, hino da Geração Rasca, em Portugal. 

Nirvana e Pearl Jam editaram o que para mim são dois dos melhores albuns de sempre, Nevermind e Ten. Alice in Chains, Soundgarden, Temple of the Dog, juntamente com os anteriores, foram os maiores representantes deste género. Quando o grunge saiu de seattle, surgem Babes in the Toyland, L7 e Stone Temple Pilots. Outros tempos, em que havia carreiras musicais e não fenómenos de uma música (desculpem-me, pareço um velho a falar...)

Como todo o estilo de música, o grunge evoluiu. E dividiu-se. Uns para uma vertente mais comercial, mais amigável, como Foo Fighters e Candlebox. Outros para uma musicalidade ainda mais crua, com influências de outros estilos. O nu metal. Limp Bizkit, Linkin Park, Korn, Slipknot.

Mas já estou a divagar...

Na essência do grunge, por vezes, estão problemas dos seus autores. Abusos sexuais, depressões, falências. Era o que dava emoção às suas músicas, o que os tornava geniais. Mas é também o que os leva a morrer cedo. A lista é assustadora:

 

Andrew Wood - Mother Love Bone (1990) 

Kurt Cobain - Nirvana (1994) 

Layne Staley - Alice In Chains (2002) 

Scott Weiland - Stone Temple Pilots (2015) 

Chris Cornell - Soundgarden (2017) 

 

E ontem, Chester Bennington que, não sendo verdadeiramente da cena Grunge, cantou várias vezes com Chris Cornell.

A todos, as vossas vozes são eternas, as músicas inesquecíveis.

 

 

 

Adeus

Ia escrever sobre mais uma baixa na música. Mas não me apetece. Deixo apenas este video, dois grande vocalistas, a cantar uma enorme música.

 

Adeus Chris, adeus Chester...